Chicão alega emocional abalado

Chicão deu nesta quarta-feira sua versão sobre a saída da concentração do Corinthians na véspera do importante clássico contra o São Paulo, às 21h50m, no Morumbi, valendo a liderança do Campeonato Brasileiro. Barrado antes do último treino, o jogador revelou não ter condições emocionais de sequer ficar no banco de reservas e decidiu pedir sua exclusão da lista de relacionados para não prejudicar a equipe e evitar possíveis boatos de um problema entre ele e o técnico Tite.

Capitão do Corinthians desde a aposentadoria de Ronaldo no início do ano, o defensor garante que não está abandonado o barco no momento decisivo do torneio, nega qualquer crise de relacionamento entre os companheiros e promete que, domingo, frente ao Bahia, no Pacaembu, estará à disposição, mesmo se for mantido fora da equipe titular.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista de Chicão, por telefone, ao GLOBOESPORTE.COM.

GLOBOESPORTE.COM: Como foi a decisão?
Chicão: "O Tite me chamou na sala dele antes do treino e me deu a notícia. Eu não esperava sair do time. Eu disse que respeito a decisão dele, mas que não tenho condições emocionais de ajudar. No meu contrato não fala que tenho de ser titular, mas não esperava essa decisão. Não é questão de não querer ficar no banco. Se ele me fala logo depois do jogo contra o Santos, já venho preparado para trabalhar. Eu vim para o treino achando que jogaria. Quando o treinador falou que não iria, o emocional ficou lá embaixo".

Você não acha que a torcida pode considerar que está abandonando o barco?
"Senti muito por ter saído. É o meu jeito de ser, eu ficaria com cara emburrada no banco, na concentração. Se eu entro no jogo, vou bater um pênalti e o Rogério pega vão falar que o Chicão entrou de sacanagem para prejudicar o treinador. Procurei evitar algumas coisas. Ralei muito para chegar até aqui. Não acho que sou o ‘o cara’ para não ficar no banco. Meu jeito de ajudar é ficando fora. Acho que seria pior estar no vestiário com cara feia. Jamais vou abandonar o barco".

Como foi a reação dos jogadores?
"Saí da concentração mais de 23h. Fiz questão de ir quarto por quarto avisando todo mundo que eu estava indo para casa, dizendo que neste jogo não poderia ajudar. Falei que não estava com a cabeça boa e todo mundo entendeu".

Você reconhece que não está jogando bem?
"Tomamos 16 gols nos últimos nove jogos, mas quantos foram por culpa do Chicão? Quando o time faz gol lá na frente, o Liedson não fez sozinho. Ele tem a ajuda de toda a equipe para marcar. Mas, quando tomamos, já falam que a culpa é do Chicão".

Na entrevista de terça-feira, Tite garantiu que a mudança foi uma opção dele. Você acha que houve alguma determinação da diretoria para sacá-lo?
"É difícil falar. Eu não sei exatamente. Sinceramente, acredito que foi opção do treinador. Tanto é que, depois, o Edu (Gaspar, gerente de futebol), o Roberto (de Andrade, diretor de futebol) e o Duílio (Monteiro Alves, diretor adjunto de futebol) me chamaram e disseram que foi uma decisão do treinador".

Como foi a conversa com os torcedores antes do treino?
"Foi uma conversa tranquila. Eles perguntaram se havia racha no grupo, se o pagamento estava em dia. Nós explicamos que também não queremos perder. Queremos o apoio deles nesse momento tão importante no campeonato. Foi um papo tranquilo. Não houve bate-boca, nem nada. Foi uma conversa que, daquela maneira, deveria acontecer mais vezes".

Como você acha que fica sua situação no clube depois de pedir para não ficar nem no banco em um clássico que vale a liderança do Brasileirão?
"Estou pensando mais no grupo do que em mim. Falei para o Tite que no fim de semana (contra o Bahia, no Pacaembu) estarei à disposição, seja jogando, no banco ou nem sendo relacionado. Eu já treinei hoje (quarta) para poder melhorar. O Tite me falou que eu fui muito homem de chegar e falar o que estava sentindo, que se fosse qualquer outro vagabundo nem ligaria".

Como está a relação entre os jogadores? Muito se fala que você nem conversa com o Leandro Castán e teria problemas com o Alex...
"É normal em qualquer trabalho você ter mais afinidade com alguém. Eu e o Castán conversamos o necessário dentro de campo. Fora dele, tenho mais amizade com o Alessandro e o Jorge Henrique e não tenho tanta afinidade com o Castán. Sobre o Alex, não existe nada. Nós até já concentramos juntos, sempre falando de música sertaneja. Quando estávamos com nove vitórias e um empate, não tinha nada disso. O Corinthians está em uma situação que não pode haver briguinha. Eu vou passar e o clube vai ficar. O Corinthians é maior que todos nós. Nunca vi um problema lá dentro, nunca vi vaidade. Nós não deixamos acontecer".

Mas você e o presidente Andrés Sanches nunca se deram muito bem...
"Eu falo muito pouco com o Andrés. Falaram até que eu estava indo para a balada com ele, mas não é nada disso. Eu o encontrei em um show do Jorge & Mateus (dupla sertaneja), que são meus amigos. Foi só isso. Depois, já começaram falar de balada. O Andrés tem nos ajudado bastante, fez questão de renovar meu contrato. Ele é um cara amigo do grupo".

O Tite lhe comunicou quem será o capitão no clássico?
"Ele não falou nada, mas acredito que será o Alessandro".

Fonte Globo.com

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