Sheik: A Fiel é diferenciada das outras torcidas do Brasil

Emerson Sheik voltou a ser protagonista na última quarta-feira, quando entrou no intervalo para ser fundamental na virada do Corinthians sobre o Atlético-MG, por 3 a 2. Em entrevista exclusiva ao LANCENET!, concedida por telefone após voltar de Minas Gerais, o camisa 11 do Timão relembrou os momentos vividos diante do Galo, falou da briga do título com o Flamengo, comparou as estruturas do seu atual clube com o Fluminense e rasgou elogios à postura da torcida corintiana durante os 90 minutos de jogo.

Acompanhe a entrevista do experiente atacante:

Como foi voltar de Minas Gerais como protagonista? Você, como todo jogador, deve sentir falta quando isso não acontece...

Existem várias maneiras de ver o que ocorreu comigo em Minas. Nas passagens por Flamengo e Fluminense, meu trabalho sempre foi reconhecido de maneira bastante positiva, tive o reconhecimento do torcedor, dos companheiros, da comissão técnica, da imprensa. E, desde que cheguei ao Corinthians, eu ainda não tinha feito uma partida como tinha feito nos últimos clubes. Contra o Atlético-MG, eu senti esse gostinho de novo. Eu entrei numa posição que eu adoro, que é flutuando nas costas do centroavante. Me senti à vontade. Isso traz motivação e confiante.

Apesar do pouco tempo, deu para perceber que no Corinthians o céu e o inferno estão perto um do outro? Que você está mal e, em poucos minutos, pode vir a se tornar o "cara"?

Na verdade, eu saí de campo dizendo que nunca duvidei do que eu posso fazer. Eu sei do que eu posso fazer dentro do Corinthians, sei o quanto eu sou importante perante ao grupo. O torcedor tem direito de reclamar, eu não vinha fazendo boas atuações. É natural. Mas, em nenhum momento, eu deixei de trabalhar. Eu sou muito chato, eu corro atrás mesmo. Se está ruim, eu vou correr atrás em dobro. A torcida do Corinthians é exigente, mas isso é bom para o jogo, exerce uma responsabilidade positiva. Eu procurei trabalhar, com mente de gelo, para mostrar na hora certa, mostra que o presidente não foi até o Rio de Janeiro para me buscar porque sou bonitinho. Apesar que eu sou (risos). Então, foi uma noite maravilhoso, eu voltei a sentir aquele gostinho de ser útil. E de reconhecimento...

Alex, há duas semanas, elogiou a postura da torcida nos jogos, de apoiar a equipe mesmo quando as coisas não estão boas. Você, que também acabou de chegar, tem qual impressão?

Eu moro ao lado dele. Depois da viagem de Minas, nós voltamos juntos no carro e viemos conversando sobre isso. No intervalo do jogo contra o Atlético, assim como em outros jogos, a torcida não parou de incentivar. Eu acho que os torcedores talvez nem tenham consciência da importância que isso tem para um jogador. É tão bom para os atletas, para dar tranquilidade de continuar tentando quando as coisas não estão bem. Em nenhum momento eu entrei no jogo não querendo acertar, mas sem sempre as coisas acontecem. O torcedor tem direito de cobrar, mas a torcida do Corinthians é diferenciada das outras no Brasil. Ontem (quarta-feira), os meninos do Atlético-MG estavam aquecendo e a torcida deles já estava pedindo raça, ameaçando que se não ganhasse, isso, aquilo...A torcida do Corinthians, não. Ela começa incentivando e termina assim. Contra o Cruzeiro, a torcida nos aplaudiu mesmo perdendo. Esse incentivo se reflete em campo. Quando voltamos do intervalo, mesmo perdendo, eles nos apoiaram.

Você disse após o jogo "Eu entendi por que eu estou aqui". O que quis dizer? Você se acha um predestinado, alguém que veio para ser campeão, algo que faria de você um tricampeão consecutivo...

Após a minha saída do Fluminense, eu fiquei uns 20 dias ouvindo propostas e decidindo o que seria melhor para a minha carreira. Eu tive seis clubes de ponta para escolher. O Corinthians foi escolhido de maneira especial. Foi muito bem escolhido. Não vim para cá porque São Paulo é bom de se viver. Eu vim para ser campeão, sou um sonhador e eu acredito na força do trabalho. Se fizer as coisas certas e for honesto, você será recompensado. Foi assim no Flamengo e no Fluminense. Eu sei o que sou capaz. Não sou um mostro, mas sei que posso ajudar e tenho certeza que não vim para cá à toa. Nunca deixei de acreditar e trabalhar. A partida de ontem foi apenas uma partida. E eu tenho certeza que conseguirei atuar daquela maneira outras vezes. Vim em busca de ser campeão. Tá longe? Está. Falta muita coisa? Falta. Mas é trabalhar, com honestidade e afinco.

Está uma disputa grande entre Flamengo e Corinthians pela ponta. Se o outro lado é forte, tem camisa e torcida, o lado de cá não fica atrás. O que pensa sobre essa briga de gigantes?

Ficaria mal se eu falasse que apenas os dois brigam pelo título, tem outros clubes. O campeonato está equilibrado. Da mesma maneira que do outro lado tem peso, temos isso aqui também. O Corinthians tem uma história linda no futebol brasileiro, temos o respaldo da diretoria e da comissão técnica. Estamos no caminho certo. É continuar trabalhar e respeitar a todos.

Em relação ao dia a dia, como está sua vida em São Paulo? Está 100% adaptado? O Ramon chegou a dizer que em São Paulo era mais profissional do que no Rio...

Eu até vi a entrevista dele. Ele foi mal interpretado no Rio. Mas o CT do Corinthians é bem diferente do último clube, onde tínhamos um campo e um vestiário precário. Não estou falando mal. O Fluminense provocou que isso não é fundamental, tanto que foi campeão. Mas a diferença do CT do Corinthians é absurda, dá tranquilidade para trabalhar. O que o Ramon viu, eu também vi. Estou bastante adaptado aqui. Moro em Alphaville e estou bem.

Fonte Lancenet

0 comentários:

Postar um comentário